JORGE RODRIGUES SIMAO

ADVOCACI NASCUNT, UR JUDICES SIUNT

A arrogância americana

THE CRIMINAL ARROGANCE OF HILLARY CLINTON

America, the Arrogant?

AA

HOJEMACAU - IDEIAS-PERSPECTIVAS

“The tragic events of 9/11provided the required justification to wage a war on “humanitarian grounds”, with full support of world public opinion and the endorsement of the “international community”. The myth of the “outsider enemy” and the threat of “Islamic terrorists”, was the cornerstone of the Bush administration, military doctrine, used as pretext to invade Afghanistan and Iraq, not to mention the repeal of civil liberties and constitutional government in America. Without an “outside enemy”, there could be no “war on terrorism”.

America's "War on Terrorism"

 Michel Chossudovsky

A arma mais poderosa e utilizada por Mahatma Gandhi na sua luta pela independência da Índia do Império Britânico foi, sem dúvida, a sua humildade. A imagem de homem afável, que se alimentava apenas com comida simples, usava como vestes um tecido de linho e cânhamo que fabricava para envolver o seu magro corpo e sandálias camponesas, fez que o povo o seguisse.

A fabricação manual das vestes pelos indianos inculcada por Ghandi, serviram de protesto contra os têxteis ingleses que os indianos eram obrigados a comprar para ajudar a indústria têxtil inglesa em declínio. Mas sobretudo, foi a sua linguagem humilde, sem adornos, ameaças ou arrogância, sempre certeira, que o tornou vitorioso.

 

O mesmo se podia dizer de Nelson Mandela, artífice principal do fim da segregação racial, traduzida na vergonhosa separação entre negros e brancos, praticada na África do Sul, durante décadas, e que após a sua libertação, passados vinte e sete anos de cativeiro, tornou-o merecedor de todas as honras, incluindo o Prémio Nobel da Paz, bem como a sua eleição, como primeiro presidente de raça negra do seu país, com uma humildade comovedora.

O mundo tem dois exemplos palpáveis de homens que, pela sua humildade, captaram a atenção e o respeito do mundo. O Papa Francisco, que não deixa interromper a nossa comoção pela sua simplicidade e humildade, e o ex-presidente do Uruguai, José Alberto Mujica, cujo mandato terminou a 1 de Março de 2015.

A “Economist Intelligence Unit” colocou o Uruguai, em 2010, na vigésima primeira posição, entre trinta países no “Índice de Democracia”, considerados como democracias plenas no mundo. As duas personalidades falam dos temas mais difíceis com a voz mais pura, expressões mais humildes, sem fazer uso do poder que detém ou de retóricas pomposas usuais em outros líderes.

Os dois combinam a modéstia com a austeridade; negam-se a mudar os seus costumes simples por tradições faustosas ou luxuosas que correspondem à sua posição, mas que os aborrece e consideram desnecessárias e distantes do seu carácter. Os quatro líderes são um exemplo para os governantes, políticos, legisladores, magistrados e, em especial, para os negociadores da paz, contrastando com o presidente dos Estados Unidos e primeiro-ministro britânico que acordaram em combater o terrorismo onde quer que surja, ou seja, coordenando os seus serviços secretos e atropelando militarmente a soberania de qualquer Estado, se tal for necessário.

É de recordar que igualmente, perseguindo idêntica ideia, o primeiro-ministro espanhol interferiu activamente nas eleições realizadas na Grécia, sob o pretexto de que o triunfo de uma opção de Esquerda poderia pôr em perigo os interesses da União Europeia. Trata-se de duas expressões que comprovam que o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados é um dos mais vulneráveis na situação que o mundo vive, e basta recordar o que tresloucadamente foi feito com a invasão e destruição do Iraque, sob o pretexto de que possuía armas de destruição massiva, o que veio a revelar-se completamente falso.

O desvario da invasão do Iraque fez nascer das sementes do ódio e da falsidade, o terrífico e apocalíptico Estado Islâmico, como presente envenenado que estamos a pagar, ao invés de petróleo, que foi o “leitmotiv” da invasão.

 Se após as duas conflagrações mundiais se pensou ser possível respeitar as decisões internas de cada país, a verdade é que as diferentes hegemonias que mediram forças durante a guerra fria, tornaram impossível esse desejo por parte da comunidade internacional, e qualquer país sente que tem liberdade para se imiscuir nos assuntos internos dos países vizinhos ou de qualquer outro país, mesmo que se encontre a milhares de quilómetros de distância das suas fronteiras.

O presidente dos Estados Unidos governa com a ideia de que o seu país será aceite como o grande polícia global, convertendo os governos aliados em meros tentáculos do seu poder imperial.

Tal explica, que os regimes títeres como os do primeiro-ministro inglês e do primeiro-ministro espanhol adoptem idêntica prepotência, ao relacionarem-se com os países do mundo árabe e muçulmano, sem se darem conta que desse modo, são os seus países os mais expostos às censuras dos que se sentem humilhados pelas invasões e pela guerra ideológica contra as suas crenças mais sagradas, como quanto ao seu direito à livre determinação.

É o que explica o horrível ataque em Paris a um meio de comunicação social, acusado de ter abusado da sua liberdade de expressão, ofendendo e satirizando as ideias, valores e sentimentos do Islamismo. As vítimas das acções das grandes potências, parece óbvio, por muito que custe aceitar, apenas lhes resta a opção de se defenderem com a organização de grupos que exerçam actuações tão extremas como o ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque, e essa realidade estamos a sentir por meio da série de atentados que começam a manifestar-se nas cidades que pareciam inexpugnáveis para a hegemonia imperial.

A impossibilidade de enfrentar os invasores com exércitos, material bélico e guerras convencionais, fazem que recorram a acções de inegável conotação terrorista para deter o expansionismo americano e dos seus aliados, e a destruir a impunidade que os favorece e da qual se vangloriam ao violar, por exemplo, os direitos humanos dos prisioneiros de guerra, como sucedeu em Guantánamo, em que a falta de vergonha tornou-se arrogante, flagrante e extrema.

 É tanto o abuso da Administração Obama e o servilismo da Europa, que não existe instituições internacionais que não tenham caído no descrédito mundial, desde que o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, recebeu em 2009, o Prémio Nobel da Paz.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas, carece de qualquer tipo de autoridade para fazer face aos abusos das potências, pelo que certos países que ainda possuem dignidade e autonomia comecem a concordar em actuar para fazer face à presente unipolaridade prática, por grande parte negada na sua existência.

Assim, desde a América do Sul, Ásia e África estão a nascer iniciativas que consigam impor restrições e sanções aos abusos das potências, bem como as que foram impostas a Cuba e a tantos outros países como à Rússia, para além do considerado como razoável e dissuasor. A acção estratégica e concertada dos países possuidores de matérias-primas pode aplacar tais atropelos, com a ameaça possível de que os investimentos dos países desenvolvidos possam ser nacionalizados.

Ainda que possível, tal estratégia, terá de ser descartada no imediato, pois alguns países ricos em matérias-primas, mantém e aumentam o vergonhoso servilismo da sua classe política dominada e instrumentalizada por grupos económicos domésticos e internacionais que controlam a sua economia e algumas funções de Estado.

Todavia, alguns países provedores de matérias-primas abrigam a esperança de que através de um intercâmbio comercial crescente com China e outros países que se encontram fora das zonas de influência dos Estados Unidos, podem salvar nos países subdesenvolvidos de África processos políticos direccionados a vencer a injustiça social e a dependência externa, fazendo que essas decisões democráticas não sejam desafiadas e contraditadas continua e de forma persistente pelo país hegemónico.

Tal atitude, evitaria de forma efectiva, o aumento de expressões extremistas que angustiam o mundo e que foram sistematicamente promovidas e sustentadas pelo colonialismo americano, europeu e outros de diferente ideologia e como verdadeiro efeito de boomerang, se tem voltado contra os seus progenitores.

 

 

Jorge Rodrigues Simão, in “HojeMacau”, 16.03.2015
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