JORGE RODRIGUES SIMAO

ADVOCACI NASCUNT, UR JUDICES SIUNT

A Europa e as PME (I)

 SME financing gets boost from EU to create jobs

European People’s Party (EPP)

EuropaBio's Most Innovative European Biotech SME Award 2013

 

 SME

Friday, May 9, 2014

“A significant development in Small and Medium-sized Enterprise (SME) can no longer be postponed in the European industrial world. Although this need has been recognized for several years, recent recommendations from the European Commission have recalled the urgency of promoting new and more robust SME organizations, owing to two critical factors: the rise of enormous global markets and the emergence of a new industrial system originating from the distinctly different business culture of the Far East.”

 

A Road Map to the Development of European SME Networks: Towards Collaborative Innovation

Agostino Villa and Dario Antonelli

 

É o dia da Europa e seria despiciendo não considerar o relevante papel que têm desempenhado as pequenas e médias empresas (PME) para a construção da união económica. É de realçar entre muitos marcos jurídicos, o “Small Business Act” criado em 2008 pela União Europeia (UE) que salienta a vontade política de reconhecer o papel central das PME na economia da UE e que, pela primeira vez, criou um quadro estratégico abrangente para a UE e seus Estados-Membros.

Tal quadro, consagra um conjunto de dez princípios que guiam a concepção e a aplicação das políticas a nível da UE e dos Estados-Membros, com o objectivo de trazer valor acrescentado a nível da UE, criar condições de concorrência leal para as PME e melhorar o ambiente legal e administrativo em toda a UE.

A finalidade é a de criar um ambiente em que os empresários e as empresas familiares possam prosperar e o empreendedorismo seja recompensado; garantir que os empresários honestos que tenham falido disponham rapidamente de uma segunda oportunidade; conceber regras de acordo com o princípio “Think Small First”; tornar as administrações públicas aptas a responder às necessidades das PME e adaptar os instrumentos das políticas públicas às necessidades das PME, como facilitar a participação das mesmas no mercado dos contratos públicos e utilizar melhor as possibilidades dos auxílios estatais em favor das PME.

O acesso fácil das PME ao financiamento e criar um ambiente legal e empresarial favorável à pontualidade dos pagamentos nas transacções comerciais; ajudar as PME a aproveitar melhor as oportunidades oferecidas pelo mercado único; promover o reforço das qualificações nas PME e todas as formas de inovação; permitir às PME transformar desafios ambientais em oportunidades, e apoiar as PME e incentivá-las a tirar partido do crescimento dos mercados são igualmente outros fins consagrados.

 O desenvolvimento económico contemporâneo depende, em grande parte, do desenvolvimento das PME, tal como demonstram as suas taxas de crescimento em países europeus e asiáticos, cujos governos se esforçam por implementar políticas que favoreçam este tipo de organizações no entendimento de que é o melhor modo de favorecer o bom andamento das economias nacionais.

A mesma atitude deveria ser imitada nos demais países ao redor do mundo, os quais, apesar de tentarem integrar-se a passo forçado nos novos cenários da globalização económica, continuam a desenhar políticas públicas em função das macro empresas, sem reconhecer que o facto de descuidar as PME, ou de as relegar para a última página dos seus modelos de planeamento, admite uma linha de actuação tradicional e de continuidade que incide directamente no aumento da pobreza e da desigualdade.

A maioria das empresas que se classificam dentro da categoria de PME gera elevados índices de emprego e aumentam a cada dia os seus índices de exportação. Talvez por isso se converteram nos últimos tempos num tema em moda, aparecendo nas discussões económicas, nos discursos políticos, nas conferências, nos livros de administração e economia, nas salas de aula das universidades, em tal quantidade e de tão diversas formas que as instituições financeiras, as empresas de tecnologia de informação e comunicação e até as seguradoras começaram a desenhar serviços exclusivos para as PME, algo impensável há alguns anos.

Tal não significa, que estas organizações tenham um conhecimento superficial das PME, ou que entendam perfeitamente o papel que desempenham no desenvolvimento de um país, as características dos seus requisitos e as dificuldades de trabalhar com tramitações processuais hostis, impostos elevados, falta de financiamento e carência de normas constitucionais favoráveis que propiciem a sua expansão.

No entanto, pese a ignorância geral, a escassa efectividade das políticas públicas e a quase nula existência de mecanismos subsidiários que permitam negociar recursos para o seu desenvolvimento, as PME converteram-se num centro de atenção de editores, gestores de plataformas Web, investigações académicas, meios de comunicação financeira e literatura especializada.

As PME estão na moda, tal como os manuais, livros e folhetos sobre o tema, os quais raras vezes oferecem algo diferente de definições básicas, conhecimentos simples, enunciações imprecisas e multidões de incoerências sobre a fundamentação teórica e as estratégias metodológicas que sustentam o mundo das PME. No meio deste turbilhão, sobressai a imaginação asneirenta de muitos empresários que consideram que a criação e a consolidação de uma PME é quase um caso de ciência inata, que requer unicamente a ideia do século e um pouco de sorte.

É preciso definir o universo das PME como um contexto organizacional sumamente complexo e multidimensional, cujo total entendimento requer uma análise profunda e detalhada. As PME são definidas como um conjunto heterogéneo, cujos indivíduos se identificam a partir das suas particularidades de organização e administração, sem esquecer que actuam em diferentes contextos socioeconómicos e culturais, em que a diferença de âmbitos, origina a ineficiência das políticas públicas aplicadas às PME, uma vez que tendo por base generalizações se desvinculam dos seus aspectos heterogéneos e obtêm pobres resultados finais.

As PME representam mais de 95 por cento das entidades económicas e contribuem em grande parte para o produto interno bruto (PIB) da maioria dos países do mundo. É atribuído às PME o desenvolvimento económico dos países, a criação constante de empregos (cerca de 80 por centos dos novos postos de trabalho) e a geração de inovações.

A sua importância foi reconhecida a nível internacional por académicos, empresários, políticos e outros grupos interessados no desenvolvimento dos países e todos são unânimes em que o mundo avança rapidamente para economias cujo dinamismo está fortemente vinculado à existência de um volume crescente de PME, pois quanto maior seja a proporção destas empresas numa economia, maior será a sua flexibilidade, uma vez que estas organizações podem-se adaptar rapidamente às mudanças económicas.

Assim, cada vez mais aumenta o interesse por uma maior e melhor compreensão quanto à forma pela qual as PME dinamizam as economias, ou seja, existe um interesse crescente a respeito de como empreender, administrar e desenvolver estas empresas.

O interesse vai desde as pessoas que depois de trabalhar numa empresa, decidem dar um novo rumo profissional e converterem-se em empresários, descobrindo na criação das PME uma nova opção de emprego e desenvolvimento; outro grupo de pessoas são os trabalhadores de grandes empresas espalhadas pelo mundo, seja do sector público, ou privado e que mantêm contacto com as PME.

Este vínculo pode dar-se a nível externo ou interno, sendo que o primeiro é criado quando se estabelece uma relação entre uma empresa e um fornecedor, que em geral representa uma PME. A nível interno, o vínculo dá-se quando uma grande empresa se desenvolve com a criação de unidades de negócio (start-ups) em diferentes zonas geográficas do mundo, muitas das quais se estabelecem como PME.

O executivo de uma grande empresa, dessa forma, vê-se subitamente coagido a empreender, dirigir e desenvolver PME. As PME constituem um mundo diverso que integra diferentes formas de ser, fazer, pensar, dirigir e administrar. A origem de uma pequena empresa geralmente está associado à descoberta de uma necessidade ou oportunidade de negócio, procurando a independência em termos laborais e económicos.

A decisão de comprar ou criar uma empresa requer a consideração de factores legais, económicos, familiares, materiais, humanos e financeiros. A localização da empresa é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de um plano. Quando se está convicto de criar uma empresa ou de adquirir uma em actividade, deve-se realizar um estudo com a finalidade de determinar se é viável a sua criação e averiguar quais seriam as condições favoráveis.

O estudo deverá contemplar situações como a localização, instalações físicas internas e externas, estudo de mercado, trabalhadores a contratar no presente e no futuro, previsões de vendas e custos, orçamentos de vendas mínimas anuais, previsões financeiras mínimas anuais, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração dos resultados, demonstração da posição financeira no final do período, fixação de pontos de equilíbrio, determinação de fontes futuras de fundos e balanços gerais.

É importante compreender que uma vez completado o estudo, e ainda que este seja muito detalhado, dever-se-á ter em conta que existe um número significativo de factores ambientais e económicos que o podem afectar, pelo que é indispensável considerar as mudanças demográficas na cidade, por exemplo, se há um índice positivo ou negativo de crescimento da população ou movimentos migratórios importantes.

Quando uma cidade actua como pólo de desenvolvimento ou atracção e, por consequência, regista uma imigração substancial de pessoas que terão importância para a empresa, é de considerar como uma zona que possivelmente oferecerá um futuro promissor.

As pessoas que desenvolvem ideias, conceitos e empresas com sucesso têm em comum um elemento chave, denominado de faísca da conexão, ou seja, a capacidade de fazer ligações (unir um elemento com outro) e vislumbrar o potencial de um resultado, permitindo ver a ideia. Outras pessoas, no entanto, tendo defronte de si os mesmos elementos e a mesma informação, não vêem uma oportunidade porque não conseguem fazer a conexão.

É possível que esse seja o caso de muitas pessoas que apesar de experimentarem as mesmas necessidades de quem desenvolveu produtos ou serviços de sucesso, não conseguiram fazer nada semelhante, tendo possivelmente permanecido no ponto de análise de uma necessidade e não a relacionaram com a possível solução.

 

 

Jorge Rodrigues Simão, in”HojeMacau” 09.05.2014

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