Existem variações entre os períodos quentes. Durante um período quente, há cerca de seis mil anos, a temperatura média era de 1,5° C superior à actual e os níveis de água do mar eram ligeiramente superiores. O tempo arrefeceu e a situação não se inverteu, senão há cerca de dois mil anos. O período inicial da “Idade Média” foi o mais quente de que há memória. Mas na “Pequena Era Glaciar”, entre os séculos XIV e XVIII, as temperaturas eram de 1° a 2° C inferiores às actuais.
Neste quadro amplo, existem vestígios claros das alterações induzidas pelos seres humanos. Ainda antes da “Revolução Industrial”, na “Idade do Bronze”, registaram-se variações de microclima devido às mudanças do uso do solo, sobretudo com a desflorestação. Existe uma relação estreita entre as árvores e a precipitação. Sem um determinado número de árvores, não se regista um determinado volume de precipitação. Os exemplos são visíveis no Mediterrâneo Oriental, ao longo da Costa do Norte de África e no estado americano do Arizona. Nos tempos modernos, as alterações criadas pela desertificação e pela urbanização anárquica são visíveis em todos os continentes, excepto na Antárctica.
Estão a registar-se alterações em larga escala, ou seja, em todos os sistemas climáticos. Verifica-se uma aceleração dos factores anteriores com novas mudanças do uso do solo, e expansão desregrada sem planos urbanísticos equilibrados e coerentes do cimento, da pedra e do tijolo, que acompanha o crescimento das cidades. O Reino Unido, berço da “Revolução Industrial”, as zonas urbanas ocupam 13 por cento do total e desde a mesma, usamos a atmosfera como escoadouro de resíduos, aumentando o efeito de estufa com emissões de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, clorofluorcarbonetos e outras moléculas na atmosfera.
Sem o efeito de estufa, a temperatura da Terra seria 33° C mais baixa e a vida, tal como a conhecemos, seria impossível. Trata-se de uma verdade cientificamente comprovada e indesmentível. O dióxido de carbono é responsável pela maior proporção dos gases de estufa. Graças à análise de núcleos de ferro, sabemos que durante a última glaciação, a sua concentração na atmosfera era de 190 partes por milhão (ppm). Elevou-se para 280 ppm antes do inicio da “Revolução Industrial”. Actualmente é de 355 ppm e regista um crescimento anual de 0,5 por cento.
A principal fonte é a combustão de combustíveis fósseis e de biomassa, em especial os incêndios florestais. A preocupação generalizada com os possíveis efeitos das alterações ambientais aumentou muito nas últimas quatro décadas. Em primeiro lugar, realizou-se a “Conferência sobre o Ambiente”, organizada pela ONU em Estocolmo, em 1972. Seguiu-se a criação do “Programa da ONU para o Ambiente”, a “Primeira Conferência Mundial sobre o Clima” em 1979, a publicação de muitos textos, incluindo o “Global 2000”, o “Relatório da Comissão Brundtland sobre o Ambiente e o Desenvolvimento” e várias declarações sobre o ambiente em países industrializados e não industrializados.
Em 1990 realizou-se a “Segunda Conferência Mundial sobre o Clima” e, em Junho de 1992, a “Cimeira da Terra”, no Rio de Janeiro. A “Convenção da Biodiversidade” de 1992, prevê a transferência de parte dos recursos ou lucros obtidos com a exploração e comercialização dos recursos naturais para o local de origem dos mesmos, que receberiam essa quantidade de fundos para aplicar em programas de preservação e de educação ambiental.
O “Protocolo de Quioto” foi celebrado em 1997, e assinado por 84 países. O pacto entrou em vigor depois da assinatura de 55 países, ou seja a 16 de Fevereiro de 2005. É um acordo internacional para reduzir as emissões de gases de estufa dos países desenvolvidos e para garantir um modelo de desenvolvimento limpo aos países em desenvolvimento. O documento prevê que os países desenvolvidos reduzam as suas emissões em 5,2 por cento em relação aos níveis medidos em 1990, no período de 2008 a 2012.
A “Conferência do Rio +10”, ou “Cúpula do Desenvolvimento Sustentado”, que se realizou em Joanesburgo, de 26 de Agosto a 4 de Setembro de 2002, teve como agenda, o “Clima e a Energia”, tendo sido estabelecido o uso de energias limpas; o “Subsídio Agrícola”, em que dada a superficialidade do texto fortalece a OMC controlada pelos países ricos, esvazia o papel da ONU. Quanto ao “Protocolo de Quioto” nada mudou, pois os países que não haviam assinado até então, apenas prometeram que estudariam o caso; No que respeita à “Biodiversidade”, decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento das espécies em extinção e devolver os recursos obtidos aos seus locais de origem.
A “Agenda 21” é um dos principais instrumentos resultantes da “Conferência Eco-92”, considerada a mais abrangente tentativa de promover um novo padrão de desenvolvimento a nível mundial, por meio da proposta de conciliação dos métodos de protecção ambiental com justiça social e eficiência económica, tendo como questões principais a criação de emprego e de rendimento; a diminuição das disparidades regionais e interpessoais de rendimentos; a mudança nos padrões de produção e consumo e a adopção de novos modelos e instrumentos de gestão.
O consenso científico em torno do factor chave do clima foi essencial. Daí a criação do “Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC)” em 1987. O “IPCC” publicou os resultados da sua primeira avaliação em 1990. Naquele que considerou ser um cenário vulgar, a empresa, o “Panel” previu com base em modelos, uma subida média de 1° C em 2025 e de 3° C no final do século. Não se trataria de uma subida consistente devido à intervenção de muitos outros factores. Esta subida média pode parecer insignificante, mas é comparável a uma descida de apenas 5° C durante a última grande glaciação.
O “IPCC” também previu que o nível das águas do mar subiria em média seis centímetros por década este século, com uma margem de incerteza de três a dez centímetros por década. Na sua origem estaria a expansão termal dos oceanos e a fusão de uma parte do gelo terrestre. A subida poderia atingir os vinte centímetros em 2030 e sessenta e cinco centímetros no final do século. Nem todos os modelos confirmam esta previsão.
No passado, os climas mais quentes provocaram uma maior quantidade de precipitação, incluindo mais neve nos pólos e, consequentemente, uma camada de gelo mais espessa. Mas ainda que o nível dos mares baixasse, o efeito seria temporário, visto que o aquecimento continuaria, e quase todos os modelos revelam um aumento substancial, à semelhança dos períodos quentes anteriores da história da Terra. Os resultados seriam bastante diferentes consoantes as regiões. No Equador, por exemplo, a mudança seria pouco significativa, e as grandes alterações registar-se-iam nas regiões polares e temperadas.
A mudança de temperaturas é sempre mais pronunciada em terra. No Norte, as subidas mais acentuadas têm-se registado nas temperaturas mínimas nocturnas, mais do que nas temperaturas máximas diurnas. Na Europa Meridional e na América do Norte, haveria menos precipitação durante o Verão e menos humidade no solo. De um modo geral, a precipitação seria maior, mais extrema e irregular. A camada de neve e de gelo seria reduzida. Contudo, a modelação ainda não permite prever resultados geográficos com rigor.