JORGE RODRIGUES SIMAO

ADVOCACI NASCUNT, UR JUDICES SIUNT

Existência científica de Deus

 photoimagery-1091411321

“Deus não joga dados com o universo”.

Albert Einstein

A história da humanidade e a existência do ser humano tem sido a infindável luta pela procura de respostas às questões que mais o atormentam, sendo a mais importante, sem dúvida, a que se prende com o significado ou propósito da vida. Existirá Deus? Se existe, por que permite tanto sofrimento? Temos que acreditar na existência de Deus?

A ciência não tem a capacidade de explicar apesar de tudo, a maioria das coisas, sem invocar a existência de um Deus? São questões que aos nossos pensamentos mais profundos surgem, quando tentamos formular respostas coerentes e racionais quanto à nossa origem, ao propósito da nossa existência, e ao nosso último destino após a morte.

Ninguém terá a capacidade de omitir tais pensamentos, quanto a estes desconcertantes enigmas ao contemplar os mistérios do nosso ser e do universo em que vivemos. A existência de Deus é uma questão que, singelamente, não podemos apagar da nossa mente.

Felizmente, no que se refere às mais recentes questões sobre as origens, nem tudo é conjectura. Existem cientistas que nos últimos anos têm realizado notáveis descobertas, que revelam com tamanha precisão a complexidade do universo que nos rodeia, que parece tornar-se cada vez mais difícil, sugerir que tudo foi simplesmente, o resultado de um mero acaso.

Tudo dá ideia de que um Deus muito talentoso, teve de estar envolvido no desenho das coisas maravilhosamente intrincadas que encontramos no Universo. Todavia, alguns cientistas empenham-se em insistir que a ciência não pode considerar Deus, porque ela e Deus representam esferas do pensamento sem pontos em comum.

Lamentavelmente, tal ponto de vista impõe uma perspectiva muito estreita à ciência, quando se auto limita na sua capacidade de encontrar a solução para todas as questões. A ciência não poderá descobrir nem Deus, nem o papel que desempenha, enquanto excluir a possibilidade da sua existência na sua longa lista de pesquisas, hipóteses, esclarecimentos e respostas.

A ciência tem a responsabilidade de ser um campo fértil de refúgio às questões da humanidade, no sentido de manter as esperanças de contribuir com respostas expressivas e verdadeiras às nossas dúvidas, por mais profundas que sejam. Para tanto, é necessário que abra de vez a porta da prisão do secularismo na qual se auto encerrou.

A ciência deve estar aberta à possibilidade da existência de Deus e não o eliminar, como se pertencesse a outra esfera do saber. O estado de desenvolvimento da ciência no presente século, permite que abra a porta definitivamente e estar preparada para abordar a questão da existência de Deus a partir da visão do que a ciência é, ou pelo menos deveria ser; uma procura constante e aberta da verdade, se estamos dispostos a permitir que os dados da natureza nos dirijam ao lugar onde apontem, seja qual for.

A ciência, com frequência permite as mais diversas especulações e hipóteses, como a existência de outros universos, além do nosso ou de que a vida tenha aparecido por si só, num simples estalar de dedos. A coerência exige que a ciência deve estar disposta também, a considerar a possibilidade de que tenha um Deus. Tal amplitude de fim e visão, poderia ser importante no caso de Deus, efectivamente, existir, isto para quem não é cristão. A esses nos quais me incluo, estão encerradas as questões em termos mentais e espirituais por via da fé. Mas mesmo os cristãos, exigem esse comprometimento da ciência, não que prove matematicamente a existência de Deus, mas que não exclua a sua existência.

É interessante referenciar que os pioneiros da ciência moderna, líderes da revolução científica do século XVI, como o astrónomo e matemático alemão, Johannes Kepler, o astrónomo, matemático, físico e filósofo italiano, Galileo Galilei; os vultos renomados do século XVII, como o físico, químico e filósofo natural irlandês, Robert Boyle, e o matemático, físico, filósofo e teólogo francês, Blaise Pascal, e no século XVIII o zoólogo e botânico sueco, Carlos Lineu e o astrónomo, matemático, físico, alquimista, filósofo e teólogo inglês, Isaac Newton, incluíssem o conceito de Deus nos seus pensamentos científicos.

Mencionavam com frequência e consideravam que as investigações científicas que levavam a cabo, constituíam a descoberta continuada das leis que Deus tinha criado. Tais monstros da intelectualidade, demonstraram como a ciência e a consciência de Deus, podiam trabalhar em conjunto quando se estudava a natureza.

A partir dessa época, a ciência e Deus seguiram caminhos distintos, e no presente, em essência, a ciência rejeita o conceito de uma deidade. Ademais, alguns cientistas estão profundamente inquietos perante a possibilidade de que um encobrimento da religião, como força social possa converter-se num sério obstáculo à ciência. Por outro lado, encontram-se sugestões de renovado interesse em Deus por parte de alguns cientistas e académicos, que é consequência, em parte, das recentes e significativas descobertas, como os exactos valores necessários para as forças básicas da física, e as complexas rotas metabólicas dos seres vivos.

Tais descobertas, suscitam sérias dúvidas quanto a qualquer sugestão de que simplesmente tudo aconteceu por mera casualidade. É cada vez é mais racional acreditar na existência de um Deus que está por detrás da origem do Universo, ao invés de aceitar as improbabilidades extremas, que é preciso postular para que o Universo chegasse à existência por si. É necessário, em modesta lucubração de ideias que a ciência tenha uma visão global, que é essencial para dar uma perspectiva ampla que merece a questão da existência de Deus.

Os desafios mais significativos da sua existência provieram da ciência, e a exposição dos temas relacionados deve centrar-se essencialmente em questões de índole científica. No sentido de contribuir para o esclarecimento do comum dos cidadãos e que avaliem as descobertas e as conclusões da ciência, deve esta incluir várias descrições que apresentem a forma como os cientistas realizam as suas descobertas, especialmente os detalhes que parecem ter a ver com a questão da existência de Deus.

Um facto surpreendente é de nos Estados Unidos, quatro em cada dez cientistas acreditam num Deus pessoal que responde às suas orações. Na União Europeia esse número é reduzido a metade. O paradoxo está em que muito poucos desses cientistas, se é que existe algum, falará de Deus em revistas científicas ou em livros. O que muitos cientistas crêem e o que publicam ou conferenciam são situações muito distintas, tratando-se de uma falácia entre o crer, o ser e o fazer.

É necessário que ajustem crenças, comportamentos e actividades em benefício da coerência e verdade, o que significa que o que acreditam não é o que convêm ao interesse pessoal e da ciência. Todas as matérias relacionadas com a existência de Deus devem incluir a intrincada organização da matéria do universo e a precisão das forças físicas, bem como seguir os temas fundamentais da biologia, incluídos na origem da vida, o código genético e as estruturas complexas da grandeza do olho e do cérebro.

A ciência deve considerar atentamente a questão do tempo na evolução quando é analisado o registo fóssil. Os éones geológicos que a ciência sugere são totalmente inadequados às diversas explicações postuladas. Intrigante é a questão de qual a razão porque, no contexto de tantos dados que parecem exigir um Deus para explicar o que observamos, os cientistas continuam silenciosos quanto ao mesmo.

Será uma questão de pressão sociológica de ideias dominantes (como a evolução), de exclusividade e elitismo de uma actividade científica extremamente proveitosa? Quer se queira ou não, a ciência está a contribuir com abundantes provas da existência de Deus. É esperança de cristãos e não cristãos quiçá, que os cientistas permitam que se regresse à perspectiva científica, como acontecia entre os pioneiros da ciência moderna.

 

Jorge Rodrigues Simão, in “HojeMacau”, 06.01.2012
Share

Pesquisar

Azulejos de Coimbra

painesi.jpg